segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Claro que essas coisas só acontecem comigo


É engraçado meu jeito de agir. Quanto mais tempo eu tenho, menos coisas eu faço. Tive o feriadão todinho para ler um livro pra aula de sexta e nem peguei no livro. Fiquei na Net, fazendo nada, só me preocupado com as minhas mentiras. Meu Deus, por que eu minto tanto? E de graça? Te algo errado comigo, só pode. Meu amigo não desiste de mim, mesmo eu tendo falado que estou com outro. Não adiantou de nada mentir. Lindo isso. Tanta dor de cabeça pra neca. Vou ter que terminar com meu namorado imaginário. Droga, só porque eu gostava dele!

Bem, advinha o que aconteceu ontem? Ele foi à minha casa. O cara da faculdade. Eu quase infarto. ‘O que ele está fazendo aqui, pelo amor de todos os Santos?’ Me perguntei na hora. Ele entrou junto com meus tios, uns dos que moram em outra cidade. Eu simplesmente olhei e levantei a sobrancelha. Cumprimentei meus tios. Inclinei a cabeça em um cumprimento para ele; ele retribuiu.

Minha tia olhou para ele:

-Carlos Eduardo, cumprimente sua prima direito.

Cadu? ‘O’ Cadu que brincava comigo na praia? O primo que eu tinha perdido contato há, sei lá, uns dez anos atrás?! Tão de brincadeira comigo. E, pela cara dele, eu diria que também estavam de brincadeira com ele. Só podia ser mentira.

Ele murmurou um “oi” que eu respondi. Deixei-os com meus pais e fui para o meu quarto. Sentei em frente ao computador. Fazia cada vez mais sentido quando parei para pensar encarando a tela escura. Ele – bem lá no fundo – parecia com o menino que brincava de bola comigo. Com certeza a mentalidade continuava a mesma.

Os olhos cor de mel, quase idênticos aos meus, o cabelo pretinho meio bagunçado... E de repente ele estava na com o ombro encostado na porta do meu quarto, olhando zombeiro para mim, que ainda encarava a tela escura.

-O que você quer aqui? – Perguntei baixinho, lançando para ele meu olhar espero-que-tenha-uma-boa-resposta-ou-vai-levar-porrada.

-Seus pais me mandaram para cá. Disseram que você estava jogando e que eu podia aproveitar para conversar com você, já que antes jogávamos tanto juntos. Muito interessante seu jogo. – Ele apontou para a tela negra.

Revirei meus olhos e apertei Enter e a tela ligou, mostrando a batalha pausada em Warcraft III. Ele sentou na minha cama sem convite.

-Você não mudou nadinha quando paro pra tentar juntar o que eu lembro com o que eu vejo. – Ele falou, olhando meu exército matar os ogros.

-A recíproca é verdadeira. – Retruquei sem tirar os olhos da batalha. – Até mesmo sua mentalidade é a mesma.

Ele apertou o pause, o que me obrigou a olhar para ele. Onde e com quem ele pensava que estava?

-Eu sou a visita aqui. Me dê atenção. – Ele respondeu ao meu olhar irado.

-Atenção é o que você menos precisa. – Afirmei. – E meu jogo é mais importante.

-Depende do ponto de vista. Suspiro e volto a olhar para a tela pausada. reinicio o jogo.

Ouvi ele suspirar e depois uma dor na minha nuca. ‘Eu não acredito que ele puxou meu cabelo.’ Me virei pronta para socá-lo. Minha convivência com o Tarso me ensinou uma ou duas coisas sobre brigas.

Uma delas era que eu nunca fui boa em controlar impulsos violentos – como se eu já não soubesse – e outra era que a minha direita podia até fazer estrago se levarmos em conta o tamanho do meu oponente.

Cadu era facilmente uns quinze centímetros mais alto que eu. Provavelmente ia doer. Em mim e nele. Mas não doeu. Pelo menos não nele. Meu pulso foi seguro com força e ambos acabamos caindo em silêncio no colchão macio – eu por cima dele – típico de acontecer comigo.

Me levantei rápida. Meu celular tocou e vi o nome de Tarso brilhando na tela. Suspirei e atendi:

-Hey.

-Onde você ‘tá? – Ele perguntou.

-Em casa, onde mais?

-Vamos sair mais tarde. Pizza.

-Claro, por que não? Num ‘tô fazendo nada mesmo.

Cadu me olhou maligno. Eu só queria saber o que ele estava pensando. Ah, foda-se ele. Eu iria apenas ignorá-lo daquele momento em diante.

-As sete, no local de sempre? – Tarso perguntou do outro lado da linha enquanto eu retribuía o olhar maligno dele.

-Claro. ‘Té mais. – E desliguei.

Meu primo continuou calado.

Ouvi um barulho vindo do computador e me virei. Minha aldeia estava destruída! Eu me esqueci de dar pause quando avancei para cima dele. Lá se vão quinze horas de trabalho duro! Creio que minha cara deva ter sido trágica, porque ele caiu na gargalhada. Eu o encarei. Ele parou de repente quando viu meu olhar. Com muita dignidade, me virei, baixei a tela do notebook e sai do quarto. Era bom que o almoço estivesse pronto. Quanto mais cedo ele saísse da minha casa, melhor. Olhei para a minha mãe:

-Vou sair com o Tarso mais tarde, ok?

-Ótimo, aproveite e leve o Duda com você. Ele vai ter que ficar aqui até o fim da semana. Não quero que ele fique entediado.

2 comentários:

Jéssica Nakadaira disse...

Amei teu blog, li tds os posts *---*
to seguiiindo (:
se quiser follow me too
www.jenakadaira.blogspot.com
;*

Morgana_S. disse...

Tô seguindo sim, mas lánão tem opçao de comentar!
Dá uma olhada nisso =D

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