domingo, 14 de fevereiro de 2010

Começou...


Tudo começou nessa última segunda, juntamente com minhas aulas.

Estava eu colocando meu jeans mais amado de todos os tempos e o mais novinho do meu guarda-roupa, olhando as últimas atualizações dos meus amigos e dos que pensam que são meus amigos, quando uma das minhas garras – vulgo unhas – quebra. Droga! Eu odeio quando isso acontece! Quando elas chegam ao tamanho mais bonito para pintar simplesmente quebram quando fazem contato de maneira errada em algo – da última vez que isso aconteceu um idiota bateu o nove com muita força enquanto estávamos jogando UNO.

Tudo bem. Parei o que estava fazendo e – com minha calça desabotoada e só de sutiã no quarto que divido com minha irmã caçula – cortei e serrei minhas amadas unhas até ficarem iguaiszinhas. Eram cinco da tarde, minha primeira aula seria somente às sete da noite, mas eu queria estar perfeita! Me culpe pela minha vaidade – um dos meus sete pecados mortais – mas quem não é vaidoso? Todos nós o somos a nossa maneira, dentro do nosso estilo; dentro da nossa cabecinha, simplesmente adoramos quando somos alvos de comentários – principalmente quando esses mostram a inveja que sentem da gente!

Soltei meus cachos e domei minha franja recém-diminuida-em-casa-porque-eu-estava-com-preguiça-de-ir-no-salão com a prancha que não usava há décadas, fiz aquelas duas linhas pretas perfeitas ao redor do meu olho castanho e aumente em dez vezes os meus cílios com aquele rímel novo que custou mais do que eu podia pagar mas paguei porque estava em promoção. Coloquei minha blusa da farda – não é obrigatória, mas eu simplesmente amo ela e quem não quer mostrar que está na Faculdade? – e calcei meus Converses vermelhos. – É, AllStar. Me processe por amá-los. – passei meu perfume favorito que me traz sorte –Kaiak masculino – e fui encontrar com meus amigos.

Se você faz faculdade, deve saber como é a troca de períodos, onde alguns dos seus amigos ainda fazem as mesmas cadeiras que você, outros não, tem sempre muita gente nova e, o melhor de tudo, é que você faz o que você ama – ou não – mas só faz quando quer.

Como sempre, eu fui a primeira a chegar. Descobri onde era a sala nova, quais as aulas que os veteranos julgavam mais legais... Fui dar uma olhada nos bichos recém-chegados que estavam tendo aquela palestra chata que todos nós tivemos no primeiro dia de aula no primeiro semestre...

E também, como sempre, eu estava ouvindo meus fones no último volume, perigando ficar surda, quando aquele retardado quase passa de moto em cima de mim – alôôô? Aqui é a preferência é do pedestre seu sem-noção!

Fuzilei-o com os olhos até que notei qual a blusa que ele vestia. OOOpss, um semestre a mais do que eu, no mesmo curso. Isso só me fez odiá-lo ainda mais por me lembrar que eu não passei de primeira no vestibular.

Ele riu da minha cara de ódio e me deixou passar. Nem mesmo me dignei a olhá-lo quando atravessei a via e voltei para minha ala, onde meus amigos já estavam.

As conversas de sempre rolaram, a maioria das pessoas que estudaram comigo semestre passado estavam de volta – graças a Deus menos ‘novatos’ chatos – fora dois: um que adiantara um semestre e outro que passara na Federal, apesar de já cursar uma estadual.

Como sempre, puxei meu melhor-amigo-que-vive-atrasado para perto de mim e nos sentamos nas últimas carteiras – aquelas que sempre ficam perto das portas e são uma maravilha na hora de matar aula – e eu falei para ele do meu quase-atropelamento.

Como o esperado do Tarso, ele riu da minha cara e me chamou de emo lesada.

-Eu não sou emo. –Resmunguei mais uma vez. – Já perdi a conta do quanto te disse!

-Você não é emo tal qual o céu não é azul com nuvens brancas.

Revirei os olhos. Aquela discussão estava pedida antes mesmo de começar. Eu não sou emo. Eu gosto de AllStar, eu gosto de listras, gosto de calças Skinny, mas desde quando isso é ser emo? Eu gosto da Madonna, dos Jonas Brothers, da Avril e do Linkin Park. Gosto do Michael Jackson, curto rosa e amo princesas. Não ando demonstrando minhas emoções por ai. Não sou bi. Amo meu salto alto e meus vestidos. Sim, gosto dos emos; acho que quando a pessoa é emo de verdade ela fica super-bem – para falar a verdade, qualquer pessoa que sabe o que é e o que quer sempre está bem – mas não me acho emo.

Assim como não me acho nem roqueira, nem patricinha nem gótica. Cada um tem seu dia, mas por que as pessoas teimam em ser só um? Tipo, a pessoa não é sempre de um jeito só, ela muda, e por isso é tão difícil a convivência.

Bem, voltando ao assunto...

Revirei meus olhos. O professor estava atrasado – mas quando ele não está? – e a sala ainda estava meio vazia quando eu o vi. O mesmo par zombeiro de olhos castanhos que me olhara pelo capacete me encarava de outra carteira. Será que era demais pedir para que eu nunca mais o visse? Sei lá quantos mil alunos têm nessa universidade, por que eu tinha que estudar junto com ele? Por que eu tinha que ver ele de novo? Que saco, nem o conheço mas já o odeio.

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